São autorretratos feitos em nome de todos.
Retratam o ser humano, na sua constante procura de algo, numa prisão construída
por ele próprio: o mundo exterior a cada um de nós. Todos vestimos uma capa;
inerente a nós, aprisiona-nos à realidade imposta por todos e por ninguém. Por
ser inerente, torna-se invisível, deixando apenas que a sua presença se sinta.
Todos procuramos algo, raramente concreto, sequer palpável ou mesmo consciente.
Todos procuramos e quase nunca nos apercebemos do que encontramos e quando,
porque não sabemos bem o que queremos encontrar. Os que menos procura, são os
que mais se resignam à capa que vestem, não a despem por falta de força.
Resignam-se e vivem no seu pequeno mundo, rodeado por um outro mundo que lhes é
quase desconhecido, mas que determina e rege as suas vidas. Neles, a capa é
praticamente uma pele, que se for removida provoca ferida e pode até matar. Os
que sentem mais esta capa são os que mais se sentem presos numa gaiola e sabem
que têm asas demasiado fortes e belas para não serem utilizadas. Procuram
constantemente um modo de escapar à gaiola, para poderem voar e aproveitar
assim as asas com que nasceram. Poucos são os que têm consciência desta capa e,
menos ainda, aqueles que a conseguem despir. Seremos robots num mundo que não
escolhemos? Mas é nele que temos de aprender a viver. Só assim conseguiremos
voar...